O Meretz é um partido social-democrata sionista, que defende a solução de dois Estados (Israel e Palestina), os direitos humanos, causas ambientais e um Estado judeu secular. Possui forte apoio nos kibutzim, muitos dos quais foram dizimados no massacre cometido pelo Hamas no dia 7 de outubro de 2023. O autor do texto seguinte, escrito semanas após o massacre, mora num kibutz perto da fronteira da Faixa de Gaza.
Dario Teitelbaum
Na noite escura de 7 de outubro de 2023, o primeiro Estado de Israel foi consumido pelas chamas, evocando inevitavelmente comparações com tragédias históricas. Naquele dia fatídico, o grupo islâmico Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel, matando cerca de 1,4 mil pessoas e sequestrando mais de 240, deixando milhares de feridos e 200 mil desabrigados do sul e do norte de Israel, que foi atacado pelo Hezbollah libanês.
Embora a destruição física não tenha atingido a escala das tragédias do passado, foi a destruição de “Israel como um lar nacional judeu seguro e aberto”, o que significa que a destruição é simbólica e parcialmente material.
Esse ataque constituiu um colapso triplo:
O colapso das políticas de Estado dos últimos 15 anos no chamado “Gerenciamento de Conflitos”, a degradação da Autoridade Nacional Palestina e o fortalecimento do Hamas, e a política militar de ciclos de quase-guerra contra o Hamas diante de lançamentos de mísseis e tentativas de ataques;
O colapso da doutrina de segurança nacional, uma vez que o “rudimentar” superou o “sofisticado”, deixando a população do Neguev indefesa e até mesmo despreparada para o ataque assassino do Hamas, e a alocação de recursos de segurança com uma preferência acentuada pelos territórios ocupados na Cisjordânia (Judeia e Samaria).
O colapso do Estado em seu papel se deu tanto no fornecimento de segurança, bem-estar e assistência à sua população, tanto rotineiras quanto, obviamente, em tempos de crise. Diante da incapacidade do governo, a sociedade civil e o voluntariado surgiram para atender às crescentes necessidades da população.
A partir de agora, de nada adiantará sustentar os slogans do passado sobre o sionismo como um “movimento para a libertação do povo judeu”.
Esse sionismo, que fundou o Estado com o movimento dos kibtuzim e o sionismo socialista desempenhando um papel de liderança, jaz nas cinzas de Kfar Aza e Sderot, Beeri e Nir Oz, Nir Yitzchak e Ofakim e das cidades danificadas pela invasão assassina do Hamas. E, em uma escala diferente, está sob os escombros de uma Gaza afligida e devastada como resultado das ações de seu próprio governo policial-autoritário, que levaram ao ataque militar israelense.
Blindados israelenses em praia da Faixa de Gaza, 16/11/2023
Nessa situação trágica, a esperança está incorporada na “Reconstrução do Segundo Lar Nacional do Povo Judeu” e na oportunidade de corrigir os erros do primeiro Estado de Israel.
1) A premissa da soberania territorial e nacional: a reconstrução do Estado de Israel deve ter como base a premissa de “dois Estados para dois povos”, a adoção da Autoridade Nacional Palestina como parceira para o diálogo e as negociações, no concerto de uma aliança internacional para a reconstrução do Oriente Médio.
2) A premissa socioeconômica: pelo restabelecimento do papel do “Estado presente” em todos os níveis da sociedade, a tomada de decisões com base nas necessidades reais e não na sobrevivência política, a redução das diferenças salariais e sociais e a integração das comunidades judaicas na economia nacional.
3) A premissa da identidade: o desenvolvimento de políticas conjuntas do “povo israelense”, que inclui toda a população atual e futura, além do pertencimento religioso, cultural e étnico das várias populações, maiorias e minorias.
4) A premissa democrática: a abolição de leis discriminatórias e antidemocráticas, levando à elaboração de uma constituição que expresse a vontade democrática e igualitária.
5) A premissa do “povo”: restabelecer o diálogo e as relações entre Israel e as comunidades judaicas com base na igualdade e no compromisso mútuo.
6) A premissa religião-Estado: restabelecimento do funcionamento do Estado com base na igualdade dos cidadãos e na atenção às necessidades das comunidades confessionais sem afetar a relação cidadão-Estado.
Essas premissas são apenas tópicos centrais a serem levados em conta na reconstrução do segundo Estado de Israel e no desenvolvimento da arquitetura da esperança.
Agricultor semeia o campo no Kibutz Gvulot, em 30 de novembro de 1943
O renascimento do segundo Lar Nacional do Povo Judeu não é apenas uma resposta à tragédia, mas uma oportunidade consciente de retificar e corrigir os erros do passado. À medida que a comunidade judaica avança, a reconstrução se torna uma expressão tangível do aprendizado histórico e da evolução sionista.
Kibbutz Gvulot
Em torno da Faixa de Gaza
Novembro de 2023
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