Há um ano, entre abril e maio de 2018, foram publicados os primeiros textos de 1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos. O site nasceu quase escondido, de propósito. Queríamos aprender, longe das vistas do público, a trabalhar no ambiente virtual e digital.
A fase inicial passou rápido. De lá para cá, publicamos mais de cem textos originais – e ganhamos mais visibilidade do que esperávamos. No total, atingimos cerca de 112 mil pessoas, a imensa maioria delas em países de língua portuguesa: Brasil, principalmente, mas também Moçambique, Angola e Portugal.
Numa “semana quente” da campanha presidencial brasileira, ultrapassamos a marca de 8,2 mil usuários. Regularmente, 3 mil a 5 mil pessoas leem o site a cada semana. Centenas dessas pessoas são assinantes de 1948 – e, nessa condição, recebem um informativo semanal sobre as novidades do site. Se quiser fazer parte desse grupo, peça sua inscrição, que é gratuita, na barra inferior desta página.
Nosso site deixou seu esconderijo graças, em parte, à imprensa. Viramos notícia já em junho de 2018, no jornal Folha de S. Paulo, e novamente em agosto, na Rádio Metrópole de Salvador (BA). Depois, no final do ano, por ocasião dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, participamos do programa “Conversa com Bial”, conduzido pelo jornalista Pedro Bial, na Globo, e de um seminário promovido pela Folha de S. Paulo.
Há muito a comemorar. 1948 não grita, argumenta. 1948 não subordina o valor dos direitos humanos a conveniências políticas, estratégias partidárias ou alinhamentos ideológicos. 1948 não tem ditaduras de estimação, sejam elas de esquerda ou de direita, e não poupa violações de direitos cometidas nas democracias. 1948 defende a diversidade social, política e cultural, mas não é cúmplice das tentativas de negar a universalidade dos direitos humanos.
Sem a abertura dos campos da morte do nazismo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos não teria sido escrita. O consenso internacional alcançado em 1948 foi uma reação ao horror absoluto. Nunca mais! – essa era sua mensagem. O tempo provou, porém, que uma lição daquelas dimensões pode ser esquecida. O site 1948 existe para ajudar a lembrá-la. E também para recordar tantos outros crimes contra a humanidade e violações dos direitos universais reconhecidos solenemente pelas nações apenas três anos após a libertação de Auschwitz.
A Declaração de 1948, mais atual do que nunca, é nossa bússola. A atualidade da Declaração não é, porém, motivo de celebração. Celso Lafer qualificou o texto seminal aprovado em 1948 como “um consenso internacional frágil”. É, infelizmente, uma fragilidade mais patente hoje – nessa época de recuo das democracias e ascensão dos nacionalismos e dos populismos autoritários – que há duas ou três décadas.
Nos 70 anos da Declaração Universal, o governo dos EUA separou crianças de seus pais imigrantes, o presidente brasileiro fez o elogio dos crimes da ditadura militar, o co-primeiro-ministro italiano proibiu a ajuda humanitária a embarcações de migrantes prestes a naufragar, o chefe do governo húngaro avançou contra a independência do Judiciário, a Turquia retornou à condição de Estado autoritário e, sob o silêncio de quase todo o mundo, a China intensificou a repressão aos dissidentes políticos. Daí, a importância de persistir na difusão da mensagem de 1948 e da cultura dos direitos humanos.
O primeiro aniversário do site é uma hora apropriada para agradecer. 1948 não tem fins comerciais e é produzido com recursos escassos. Os colaboradores nada recebem pelos textos que escrevem. São professores, jornalistas, historiadores, sociólogos, cientistas políticos, antropólogos, juristas, advogados, estudantes que emprestam seus conhecimentos e tempo por uma causa comum desinteressada. A lista já é longa, e continua a aumentar. Não é preciso nomeá-los: os textos deles estão todos aí, nas diversas seções do site.
Os agradecimentos se estendem aos parceiros do site, empresas e profissionais das tecnologias da informação que, sem cobrar nada ou cobrando apenas preços de custo, mantêm e aprimoram o site ou ajudam a dar divulgação a ele.
Na pequena celebração de um ano de existência de 1948, convidamos os assinantes e leitores a fazerem mais que um brinde. Sugerimos que o divulguem entre seus familiares, amigos, conhecidos e listas de contatos virtuais. Desse modo, diminuímos, um pouco que seja, o espaço dos que violam os direitos humanos e ameaçam as liberdades públicas, políticas e individuais.
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