O isolamento internacional da China comunista, que já era grande por conta da ruptura com a União Soviética, aprofundou-se com a Revolução Cultural, iniciada em 1966. Por isso, a participação do país no campeonato mundial de tênis de mesa, em abril de 1971, no Japão, foi recebida com grande surpresa. Sob os flashes das câmeras fotográficas dos repórteres que cobriam o evento, um pequeno incidente viria a simbolizar a chegada de um novo tempo de abertura ao exterior.
Um jogador da equipe americana que havia se desencontrado de seus colegas entrou no ônibus que se dirigia ao ginásio das competições sem se dar conta que aquele era o ônibus da delegação chinesa. Quando Mao Tsé-tung percebeu o frisson internacional positivo causado pela imagem dos jogadores se cumprimentando amistosamente na saída do ônibus, decidiu estender à delegação americana o convite para uma visita à China feito a outras equipes. Em Washington, o convite foi interpretado como sinal de distensão e abertura ao diálogo. Realizava-se um inédito jogo diplomático entre Estados Unidos e China, no qual cada lado fazia um lance e esperava a resposta do outro.
Do fato prosaico ao fato histórico: o acaso do jogador confuso abriu as portas para um contato político de profundas consequências mundiais. Na época, rapidamente, disseminou-se a expressão “diplomacia do ping-pong”.
A recusa do governo soviético, ainda na era Kruschev, em dividir os segredos da bomba atômica com a China tinha sido a causa principal da ruptura de relações entre os dois vizinhos, gigantes territoriais comunistas, em 1960. Os chineses acharam sozinhos o caminho para a fabricação de seu artefacto nuclear, que explodiram pela primeira vez em 1964. Dali em diante, a tensão entre os dois Estados só cresceu, com direito a rusgas militares na fronteira, numa faixa próxima à Mongólia, que chegou à troca de tiros, em 1969.
Fonte: Chaliand, G. & Rageau, J.P. Atlas Estratégico y Geopolítico, Alianza Editorial, Madrid, 1984
Por isso, em 1968, quando Moscou anunciou a Doutrina Brejnev em resposta ao levante tcheco em curso na Primavera de Praga, o governo chinês entrou em estado de atenção. De modo algum o país poderia encarar qualquer guerra diante da desorganização provocada pela soma do Grande Salto Adiante à Revolução Cultural.
A nova diretriz soviética levava o nome do então líder da URSS, Leonid Brejnev. Ela afirmava que o papel de líder inconteste do bloco comunista dava a Moscou o direito de submeter Estados aliados nos quais operassem “forças reacionárias”. Mao temia que a Doutrina Brejnev fosse usada para justificar uma invasão à China, inclusive porque, à época, estreitavam-se as relações de cooperação da URSS com a Índia, outro rival fronteiriço.
A continuidade do “isolamento esplêndido” tornou-se insustentável para a sobrevivência do Estado comunista chinês. A aproximação com os Estados Unidos podia ser muito chocante do ponto de vista ideológico, especialmente levando-se em conta a invocada pureza doutrinária radical pregada pela Revolução Cultural, mas era bastante coerente do ponto de vista geopolítico. E, se havia algo que Mao Tsé-tung tinha de sobra, era instinto de sobrevivência.
Quando Richard Nixon foi eleito presidente dos EUA, em 1968, ele herdou uma situação complexa marcada por envolvimentos militares amplos no exterior, sobretudo a desastrosa Guerra do Vietnã, justificada pela obrigação imposta derivada da Doutrina Truman, de 1947, de combater a expansão do comunismo em todo o mundo. Duas décadas depois, estava claro que tal política seria insustentável e que a liderança americana sofreria com a multiplicação de conflitos no exterior.
O “clube nuclear” mundial estava se alargando, sem que o orçamento militar deixasse de crescer. Algo precisava ser feito. É nesse momento que se destaca a figura de Henry Kissinger, nomeado secretário de Estado do governo Nixon. Ele propôs uma “nova arquitetura para a paz” que substituiria a lógica bipolar do equilíbrio de poder pela figura de um tripé. A hegemonia americana passaria a se nutrir da rivalidade sino-soviética.
A ideia ganhou forma após uma consulta da embaixada soviética, na primavera de 1969, sobre o posicionamento dos EUA na hipótese de uma guerra URSS e China. A análise de dados e informações levou à constatação de que, naquele momento, os dois gigantes comunistas temiam mais efetivamente uma guerra entre si do que contra a superpotência capitalista. Foi a chave para a reformulação das estratégias da Guerra Fria.
Glenn Cowan, o hippie confuso protagonista da história, está sentado no chão, à esquerda
Nixon havia feito a campanha presidencial prometendo “trazer os rapazes de volta para casa” (ou seja, encerrar o conflito no Vietnã). Mas seu governo recebeu uma saraivada de críticas quando ficou claro que a diplomacia estava deixando de lado a ideia de uma paz mundial tutelada pelos Estados Unidos pela estratégia pragmática de uma política de equilíbrio de poder assentado em um tripé. Por ironia da história, assim como Mao, o republicano e anticomunista convicto Nixon teve que ceder à razão de Estado e negociar novos compromissos com Moscou e Pequim.
Nessa perspectiva, em julho de 1969, o governo dos EUA anunciou unilateralmente que seus cidadãos poderiam viajar para a China e que seus exportadores agrícolas estavam liberados para vender ao país asiático. Eram sinais de fumaça enviados a Pequim. Meses depois, houve uma tentativa de contato com diplomatas chineses feita pelo embaixador americano na Polônia, mas algumas reações contrárias levaram à suspensão das conversas. Em meados de 1970, por mediação do governo paquistanês, reativou-se o diálogo. Foi nesse contexto que se desenrolou a “diplomacia do ping-pong”.
Ali, graças a um hippie confuso, a aproximação passou a ser vista como algo possível. E graças à percepção de que a opinião pública aprovava o gesto, os líderes políticos avançaram as negociações. O convite para a visita da delegação esportiva ao país até então inimigo foi comemorada em Washington. Dias depois, o governo paquistanês intermediou uma troca de cartas nas quais o governo de Mao convidava Nixon a realizar a primeira visita de um presidente dos EUA à China comunista.
No início de julho de 1971, Kissinger desembarcou secretamente em Pequim para tratar dos detalhes da visita. O chanceler americano ofereceu aos chineses a cadeira no Conselho de Segurança da ONU, sacrificando no altar da realpolitik o reconhecimento americano do governo nacionalista de Taiwan.
Para além de um oceano de divergências, existia uma base sólida de cooperação: “O que os líderes chineses queriam era a garantia de que os Estados Unidos não colaborariam com o Kremlin na implementação da Doutrina Brejnev; o que Nixon precisava saber era se a China poderia cooperar com os Estados Unidos para impedir a ofensiva geopolítica soviética” (Kissinger, p. 866).
O convite chinês para uma visita presidencial foi apresentado publicamente nos Estados Unidos, bem como a resposta positiva de Nixon. Em outubro, Kissinger retornou a Pequim, desta vez oficialmente, para preparar a visita. A viagem do secretário de Estado coincidiu com uma nova votação na ONU sobre o assento da China na organização, em 25 de outubro. Sob protestos, Taiwan foi substituída no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral pela República Popular da China.
A contrapartida chinesa veio no cenário da Indochina. Os EUA temiam uma completa derrocada do Vietnã do Sul enquanto retiravam suas tropas. Os líderes chineses garantiram que, mesmo apoiando o Vietnã do Norte, não fariam nenhum deslocamento de tropas para fora de suas fronteiras.
Nixon desembarcou em Pequim em 21 de fevereiro de 1972, permanecendo no país durante uma semana. Mao recepcionou o presidente americano em sua residência por 65 minutos. Nenhum assunto importante foi abordado. Todos os grandes temas foram conduzidos pelos chanceleres Kissinger e Chou En-lai, ambos compreendendo a oportunidade de fazer um movimento capaz de mudar a história. Seu fruto foi apresentado no Comunicado de Xangai.
Na essência, o documento conjunto afirmava: “Nenhuma das partes deve buscar a hegemonia na região Ásia-Pacífico e cada qual opõe-se aos esforços de qualquer outro país ou grupo de países para estabelecer tal hegemonia”. A expressão “qualquer outro país ou grupo de países” tinha uma tradução única: significava URSS. No ano seguinte, um novo comunicado expandiu a oposição ao hegemonismo soviético para todo o globo. Contrabalançar o poder soviético era uma ideia inscrita no conceito de equilíbrio de poder.
Quando Nixon retornou da China, o governo anunciou uma “nova arquitetura para a paz”, expressão rapidamente disseminada pelos meios de comunicação ocidentais e que refletia o desejo de uma saída para a Guerra Fria e para a ameaça nuclear…
No final dos anos 1960, a Revolução Cultural atravessava sua fase mais autoritária e repressiva. Mao mantinha o controle da situação graças ao apoio de Lin Biao, o verdadeiro chefe das Forças Armadas (ELP), cujos membros eram então parte expressiva dos quadros do Partido Comunista Chinês. Poder militar e poder político haviam se fundido.
No início de 1969, Mao indicou Biao como seu sucessor, o que fazia dele o número dois do Partido. O velho líder continuava obcecado por manter o controle da situação e eliminar qualquer possível rival, o que permite deduzir que, elevando a figura de Biao, aproveitava para testar-lhe as ambições. E o herdeiro presumido caiu em tentação, ao cobrar do chefe a indicação explícita para a presidência. Perdição. Na mente paranoica de Mao, Biao transformava-se em oponente.
Mao Tsé-tung, Lin Biao e Chou En-lai com soldados do ELP, em 13 de novembro de 1967. Como reflexo da doutrinação, todos os soldados exibem seus exemplares do Livro Vermelho
Em agosto de 1970, o Grande Timoneiro excluiu seu ex-pupilo da linha de sucessão. E mais, destituiu altos comandantes militares e comissários políticos ligados a Biao, exigindo-lhes autocríticas públicas de seus erros. Finalmente, Mao passou a exigir que Biao fizesse autocrítica, o que foi totalmente recusado. Daí em diante, o ex-chefe todo-poderoso do ELP sabia que seu destino estava traçado.
Por volta de abril de 1971, o filho de Lin Biao, Li-guo, um alto quadro militar, planejou uma conspiração para eliminar o agora inimigo de seu pai. Sem conseguir concluir o plano, e delatados, pai e filho decidiram fugir com a família para a URSS. Na base aérea, perseguida por agentes militares, a família Biao embarcou num avião que não havia sido completamente abastecido. Às 2:30 da madrugada de 12 setembro a aeronave caiu em território da Mongólia e explodiu.
A necessidade de contar com quadros políticos preparados, bem como a aproximação com os EUA, levaram a cúpula do Partido a rever alguns processos de ex-companheiros enviados para “campos de reeducação”, o eufemismo da Revolução Cultural para campos de trabalhos forçados. Foi assim que Mao aceitou a volta de Deng Xiao-ping, próximo ao então falecido Liu Shao-chi, e ao bem vivo Chou En-lai. No 10º Congresso do Partido, em 1973, Deng foi readmitido publicamente e retomou seu lugar no Comitê Central.
Para refrear as conhecidas tendências reformistas de Deng, Mao ampliou os poderes do pequeno grupo que o cercava, liderado por Jiang Qing, a Madame Mao, e por ele apelidado de Gangue dos Quatro, um gracejo baseado na sonoridade muito parecida das palavras “quatro” e “morte”. Além de Madame Mao, havia Zhang Chun-qiao, o chefe dos meios de comunicação, Yao Wen-yuan e Wang Hong-wen, sobrinho e protegido do Timoneiro.
Com quase 80 anos e sem rivais, Mao era o grande vencedor solitário da luta selvagem pelo poder travada no interior do Partido Comunista. Da geração que havia feito a revolução de 1949, restavam apenas Mao e Chou En-Lai. As circunstâncias da morte de ambos permitem vislumbrar o ressentimento mútuo. Chou morreu de câncer, em janeiro de 1976, aos 77 anos. Mao sabia da doença desde 1972, mas impediu que seu chanceler se afastasse das negociações com os EUA para realizar qualquer tratamento. Chou, por sua vez, responsável por receber os relatórios médicos relacionados à saúde de Mao, ocultou a doença que levaria o Grande Timoneiro, oito meses depois, em 9 de setembro de 1976.
Como era de se prever, a disputa pela liderança na condução do PCC entre as alas “pragmática” e “ideológica” intensificou-se, embora ambas se apresentassem como herdeiras fiéis do maoismo.
Cena do julgamento do Bando dos Quatro, em 1981. O evento converteu-se em ato expiatório pelos males do passado, encarnados naqueles personagens detestados. Foram condenados e presos. Em 1991 Madame Mao cometeu suicídio
O novo escolhido para ocupar o cargo de primeiro-ministro e presidente do PCC foi o até então pouco conhecido Hua Guofeng, membro do partido desde 1938 e integrante do Politburo desde 1973. Guofeng sabia que precisava se livrar do Bando dos Quatro, a perigosa encarnação do fantasma de Mao, e tratou de fazê-lo poucas semanas após a morte do pai da China comunista. Sob acusações de crimes diversos e abuso de poder durante a Revolução Cultural, os quatro foram presos, bem como vários de seus aliados em posições de destaque.
Nesse meio tempo, Deng articulava um campo de apoio dentro do partido, preparando-se para desafiar a corrente ultra-maoista de Guofeng. Deng sabia que muitas decisões erradas precisavam ser revistas, enquanto Guofeng tratava qualquer iniciativa do líder morto como dogma.
A solução para estabilizar o governo foi confirmar Guofeng como presidente do Partido e da comissão militar e, simultaneamente, nomear Deng como vice-presidente do partido e da comissão militar e chefe do Estado-Maior. Nos meses seguintes, enquanto os maoistas fanáticos reafirmavam sua linha de ação, Deng reabilitava cientistas, técnicos e artistas marginalizados na Revolução Cultural. Entre os mais importantes estava Hu Yaobang, antigo responsável pela Juventude Comunista e um dos raros nomes da velha guarda a possuir curso superior. Reabilitado, Hu passou a chefiar a escola central de quadros do Partido. Entre 1982 e 1987 ocupou o cargo de Secretário-Geral do Partido.
Muro da Democracia em Pequim
Animados com o que parecia ser um novo ciclo de abertura, dissidentes escreviam revistas e jornais de circulação independente, muitos trazendo críticas ao Partido e até à figura absoluta de Mao. Parte do horror vivido na Revolução Cultural começou a vir a público graças a autobiografias que se tornaram conhecidas como “literatura dos feridos”.
Mas eram os cartazes de rua que veiculavam as mensagens mais radicais. Em Pequim, destacou-se o “Muro da Democracia”, uma rua larga a leste da Cidade Proibida onde viviam altos dirigentes do partido.
O aumento das críticas coincidiu com a plenária anual do Comitê Central. Havia consenso sobre a urgência de fazer a economia voltar a crescer e sobre a necessidade de pesados investimentos em educação para a formação de novos quadros técnicos e científicos. Concordava-se, também, que era necessário trazer de volta pessoas qualificadas perdidas nos confins dos campos de trabalho pelo país. Autorizou-se a conclusão de acordos externos para propiciar o acesso a novas tecnologias.
A plenária aprovou o Programa das Quatro Modernizações – que, anunciado poucos anos antes, ainda não tinha gerado resultados. O objetivo era promover o desenvolvimento nas áreas de agricultura, indústria, defesa nacional, ciência e tecnologia. A agricultura era a chave de tudo, num país essencialmente rural que não esquecera as terríveis crises de fome do passado recente. Para estimular a produção, decidiu-se aumentar os pagamentos feitos aos camponeses pelas cotas de alimentos entregues ao Estado, além de permissão para o ressurgimento de lotes familiares que seriam cultivados paralelamente às terras coletivas.
O documento aprovado falava também em permitir a pequena iniciativa privada, no campo e nas cidades. Na prática, chegava ao fim o sistema de Comunas Populares com o qual Mao pretendera recriar a sociedade chinesa e dar à luz o “Novo Homem” comunista.
As novas diretivas falavam em maior separação administrativa entre Partido e Estado, descentralização burocrática e mais autonomia às empresas. Para justificar tais mudanças, o Partido emitiu nota afirmando que Mao não acertara cem por cento das vezes.
O prato da balança pendia agora para o lado de Deng, em detrimento de Guofeng. Mas, dessa vez, não haveria perseguições nem mentiras: Guofeng seria afastado de modo gradual e discreto, até a completa transferência de suas funções para Hu Yaobang, em 1981. O poder de fato ficaria nas mãos de Deng até 1992, quando se retirou da vida pública.
Hu Yao-bang
Hu Yao-bang funcionaria como face pública do governo reformista. Sua morte, em 15 de abril de 1989, foi o evento que desencadeou o movimento dos jovens estudantes na Praça da Paz Celestial, entre maio e início de junho do mesmo ano. Inicialmente um gesto de apoio à continuidade das reformas, o movimento acabou se transformando em um apelo por liberdades civis e políticas.
Mas nada foi tão surpreendente para o público chinês quanto o anúncio, em 1979, do estabelecimento de relações diplomáticas com os EUA. A proposta feita pelo presidente Jimmy Carter visava à conclusão do processo de aproximação entre os dois países. A troca de embaixadores era o sinal inequívoco do encerramento do longo período de isolamento internacional.
Antes de partir para a primeira visita de um governante chinês aos Estados Unidos, Deng reuniu-se com alguns membros da alta cúpula do partido e deixou instruções claras sobre a necessidade de conter manifestações como o “Muro da Democracia”, que se tornavam estridentemente perigosas. Já nos EUA, no final de janeiro de 1979, em reuniões e bailes com os presidentes americanos e empresários, Deng era a simpatia em pessoa, firme sem ser rude.
Todos comemoravam a abertura das embaixadas em Pequim e Washington. Por outro lado, concluiu-se a ruptura formal de relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a China Nacionalista, que passou a ocupar, na ONU, apenas uma cadeira de ouvinte.
Na China, uma novidade que anunciava para o povo a volta do contato com o mundo exterior foi a transmissão via satélite da viagem de Deng. A nova ordem exigiria rígido controle social, a fim de que o Partido não perdesse o controle da situação. Os dissidentes começaram a ser acusados de “colaboração estrangeira”; em abril o “Muro da Democracia” foi proibido e muita gente, por todo o país, levada de volta à prisão. Deng demonstrava por atos, ao establishment do Partido, que Mao tinha um sucessor capaz de manter a situação sob controle e o poder do PCC, intocado.
A obra de Deng e seu grupo foi conciliar a manutenção do poder político exclusivo do PCC em meio a um processo de abertura econômica, num país gigantesco como a China. É o que se denomina “socialismo de mercado”. Na época, confrontado pela contradição entre liberdade econômica e totalitarismo político, Deng filosofou “Não importa a cor do gato, desde que ele cace os ratos”.
Uma China muito pobre e muito defasada tinha um longo caminho a percorrer. Em julho de 1979, o Comitê Central anunciou a criação de quatro Zonas Especiais de Exportação, rebatizadas Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) no ano seguinte. Selecionaram-se áreas estratégicas, portos abertos para o mundo: Zhuhai, contígua a Macau, Shenzen, vizinha de Hong-Kong, Shantou e Xiamen, voltadas para Taiwan.
O Estado chinês oferecia aos investidores estrangeiros a construção de instalações e de redes de transportes, uma longa série de isenções tributárias e o fornecimento de mão-de-obra treinada e sem direitos de organização sindical. A contrapartida era a transferência de tecnologia de ponta e investimentos diretos. Meses antes, em dezembro de 1978, durante a plenária do Comitê Central que deflagrou o programa do “socialismo de mercado”, a Coca-Cola anunciara a instalação de sua primeira fábrica na China.
Carter, Nixon, um tradutor e Deng em conversa animada na Casa Branca, uma imagem do triunfo do pragmatismo sobre as ideologias
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