11 DE SETEMBRO – TERROR

 

6 de setembro de 2021
Fumaça no WTC

Enquanto todo o mundo olhava atônito para as chamas na primeira torre do WTC, um segundo avião atingiu a segunda torre provocando o colapso das Torres Gêmeas.

 

O terror entra em cena.

O celular do egípcio Mohammed Atta tocou às 6:52. Do outro lado da linha, mas fisicamente bem próximo, num terminal distinto do mesmo aeroporto de Logan, em Boston, estava seu antigo companheiro Marwan Shehhi, solicitando uma confirmação do plano que seria executado nas horas seguintes. Atta desligou o telefone e, junto com o saudita Abdulaziz Omari, embarcou na classe executiva do voo 11 da American Airlines que decolaria rumo a Los Angeles. O Boeing 767 decolou às 7:59, com 14 minutos de atraso. Separados, haviam embarcado três associados de Atta e Omari.

Dois minutos após a decolagem do voo AA11, um outro Boeing 767, da United Airlines, fechou as portas no aeroporto de Newark (New Jersey). O voo UAL93, com destino a São Francisco, ficaria preso na fila de decolagem por mais 40 minutos. Entre os passageiros da classe executiva estavam o libanês Ziad Jarrah, piloto comercial certificado meses antes na Flórida, e mais três integrantes do plano secreto em curso naquela manhã. Enquanto isso, no aeroporto Dulles, em Washington, completava-se o embarque de passageiros do voo AA77, um Boeing 757 com destino a Los Angeles. Cinco deles participavam do plano, inclusive o saudita Hani Hanjour, que cursara uma escola de aeronáutica no Arizona. O certificado de Hanjour tinha pouco mais de dois anos. Como ele, Atta e Shehhi possuíam certificados de pilotos comerciais, obtidos na Flórida no ano anterior. 

Uma comunicação rotineira entre o voo AA11 e o controle de tráfego aéreo em Boston realizou-se às 8:13. Um minuto depois, porém, a cabine do avião não respondeu à orientação da torre para subir até a altitude de cruzeiro de 35 mil pés. Naquele exato instante, os pneus de mais um Boeing 767, fazendo o voo UAL175, desprendiam-se do asfalto do Logan. Ele também tinha Los Angeles como destino e transportava apenas 56 passageiros, além de nove tripulantes. Shehhi, um cidadão dos Emirados Árabes Unidos, estava a bordo, bem como outros quatro conspiradores.  

Uma comissária do voo AA11 chamou os supervisores de sua companhia aérea, por meio de um radiotelefone, às 8:19. Os pilotos, ela disse, não respondiam a tentativas de comunicação. Alguém havia sido esfaqueado no setor da classe executiva e gás lacrimogêneo parecia se espalhar pela aeronave. O terror se instalou entre os tripulantes. Dois minutos depois, o transponder do avião foi desligado e os radares passaram a registrá-lo apenas como um sinal não identificado. Às 8:24, quando já se imaginava, em terra, que o avião estivesse em poder de sequestradores, o piloto do voo UAL175 ouviu uma transmissão de rádio com a voz de Atta ordenando aos passageiros que ficassem calmos. A aeronave retornaria ao aeroporto, disse o sequestrador, que provavelmente acionou por engano o botão do rádio, no lugar do comunicador com a cabine.

O NORAD, comando de defesa aérea dos EUA, recebeu a informação sobre o sequestro do voo AA11 às 8:37 e ordenou a preparação de dois caças F-15 para realizarem uma interceptação. Cinco ou seis minutos depois, no instante em que decolou com atraso o Boeing que faria o voo UAL93, os sequestradores assumiram o controle do voo UAL175. Apenas dois minutos mais tarde, um supervisor da American Airlines em Dallas (Texas) recebeu um chamado dramático, por radiotelefone, de uma comissária do voo AA11. A aeronave sobrevoava, a baixa altitude, o rio Hudson, ao lado de Manhattan. Ela disse que via água e edifícios, muito perto. Então, sua voz foi substituída por um prolongado ruído de estática. Passados 30 segundos das 8:46, o avião colidiu à velocidade de 790 km/h com a torre norte do World Trade Center, entre os andares 93 e 99. Os caças de interceptação haviam decolado menos de um minuto antes de uma base em Massachusetts.  

Às 9:03, a torre sul foi atingida, entre os andares 77 e 85, pelo Boeing UAL175, que voava a 950 km/h. O Boeing AA77 arrebentou-se contra a seção oeste do Pentágono, em Washington, às 9:38. Às 9:57 os passageiros do voo UAL93 começaram uma revolta contra os sequestradores. O levante desesperado decorreu da informação, recebida por meio de radiotelefones e celulares, sobre as colisões em Nova York. Seis minutos mais tarde, acuados na cabine de comando, os sequestradores arremessaram o avião contra o solo, cerca de 130 quilômetros a sudeste de Pittsburgh, desistindo do alvo planejado, que era o Capitólio ou a Casa Branca. Durante a revolta, iniciou-se o colapso do World Trade Center, com o desabamento da torre sul, que foi acompanhado por uma audiência global de televisão.

Pentágono danificado

O coração militar dos Estados Unidos batem no prédio do Pentágono, um dos alvos dos atentados de 11/09

Nos dias seguintes, o presidente George W. Bush declarou uma guerra global contra o terror. A operação militar contra o Afeganistão e a derrubada do regime fundamentalista islâmico do Talebã, que dava santuário a Osama Bin Laden e ao comando da rede terrorista Al-Qaeda, figurou como primeiro ato da “guerra ao terror”. A sequência conduziu as forças dos Estados Unidos ao Iraque de Saddam Hussein, que não tinha relações com o terror jihadista, num projeto de reordenamento geopolítico de todo o Grande Oriente Médio.

A Doutrina Bush, como ficou conhecida, inspirava-se no conceito de “choque de civilizações”, mesclando-o com uma interpretação triunfalista do “excepcionalismo americano”. Da série de eventos devastadores do dia 11 de setembro de 2001, emergiu  um programa de política externa devotado à reforma do mundo e legitimado pelo estandarte da liberdade. No núcleo desse programa encontravam-se os neoconservadores.

 

Extraído do livro Liberdade versus Igualdade – O Leviatã desafiado, de Demétrio Magnoli e Elaine Senise Barbosa – editores desse site (Editora Record, RJ: 2013, p 459/462)

 

 

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